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Radar Imobiliário
16ª Edição – Radar Imobiliário
03/08/2022
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16ª Edição – Radar Imobiliário
03/08/2022

Conheça as variações anuais entre bairros na participação da demanda por imóveis anunciados em nossos portais nas cidades de João Pessoa e São Bernardo do Campo.

Ciclo e Resiliência

Nos últimos meses tem se discutido muito a magnitude da deterioração do cenário macroeconômico para 2022 e as perspectivas para além do fim do ano. Foram revistas as projeções de mercado para 2022, com revisões apontando melhor atividade econômica e menor inflação do que o esperado. No entanto, tal melhora não transborda para prazos mais longos. Pelo contrário, parte do aumento do PIB e a inflação mais amena em 2022 provêm de auxílios e medidas emergenciais que expiram no fim do ano e pressionam a saúde fiscal do país.

Embora as medidas governamentais focadas em conter a inflação e estimular a atividade sejam mais recentes, a piora das perspectivas macroeconômicas data desde meados do segundo semestre de 2021. No momento começava a ficar claro que o ciclo de aperto monetário (elevação da taxa Selic) significaria a Selic em pelo menos 2 dígitos até, no mínimo, o fim de 2022.

Se o mercado imobiliário residencial foi beneficiado pela queda das taxas de juros na primeira fase da pandemia, com a Selic baixa, é claro que o aumento das mesmas taxas constitui um obstáculo ao setor. As taxas de juros de financiamentos imobiliários felizmente não aumentaram na mesma proporção da taxa Selic, mas mesmo assim já superaram os níveis pré-pandemia - o último trimestre de 2019 registrou uma taxa média de 7,3% ao ano.

Dessa forma, surpreende positivamente o desempenho recente do setor. Os dados de unidades financiadas com recursos da poupança (SBPE) mostram recuo de 11,7% nos primeiros meses (até maio) de 2022 em relação ao mesmo período do ano passado. Entretanto, o número deste ano está 129,8% acima do relativo ao período em 2020 e 174,1% mais alto do que o de 2019. Os números indicam que há de fato queda em decorrência da taxa de juros maior, mas também que tal acomodação é natural dado que 2021 foi um ano extraordinário.

Ainda sobre o desempenho nos primeiros meses de 2022, a venda de lançamentos segundo dados da Abrainc apresentou alta de 20,6% nos primeiros quatro meses de 2022 comparado ao mesmo período do ano anterior. Os registros de compra e venda para as cidades de 14 grandes cidades brasileiras* apontam recuo de 6,4% nessas transações na mesma comparação. Entretanto, quando se compara os primeiros 4 meses de 2022 com o equivalente em 2019 e 2020 se tem, respectivamente, avanços de 34,4% e 27,9%, reforçando a tese da extraordinariedade de 2021.

Portanto, enxergamos o desempenho do setor como positivo, uma vez que está fortemente acima do histórico recente, e apenas abaixo do auge alcançado em 2021. Em parte, a surpresa positiva deriva da resiliência tradicional do mercado imobiliário. Outra parte, no entanto, provém dos longos ciclos do mercado, ou seja, parte do resultado atual se deve ao excelente ano de 2021. Para o 2º semestre de 2022 e o ano de 2023 será fundamental o desenrolar do cenário inflacionário global e o tom da política fiscal para os próximos 4 anos - informação ainda não revelada por nenhum dos candidatos que lideram as pesquisas eleitorais.

Pedro Tenório, em nome do DataZAP+

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