As principais notícias do mercado imobiliário entre 10 a 17 de dezembro, comentadas por nossos especialistas.

Caixa impulsiona mercado imobiliário ao flexibilizar financiamento múltiplo
A Caixa Econômica Federal anunciou a retomada da permissão para que mutuários possam contratar mais de um financiamento imobiliário simultaneamente, utilizando recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Esta medida, que estava suspensa desde novembro de 2024, visa atender à demanda do mercado e foi viabilizada pela flexibilização do compulsório da poupança, aumentando a liquidez do sistema financeiro. Complementarmente, o banco ampliou o teto do SFH de R$1,5 milhão para R$2,25 milhões e elevou a cota de financiamento para até 80% do valor do imóvel, injetando novo fôlego nas operações de crédito imobiliário.
Os impactos para os profissionais e empresas do setor são notáveis. Para imobiliárias e corretores, a mudança expande o mercado-alvo, incluindo investidores e famílias de renda média-alta em busca de um segundo imóvel, e a maior cota de financiamento tende a acelerar o fechamento de vendas ao reduzir a necessidade de capital próprio para a entrada. Já para as incorporadoras, o aumento do teto do SFH para R$ 2,25 milhões incentiva o lançamento de empreendimentos de médio e alto padrão, enquanto a injeção de R$ 10 bilhões em recursos SBPE e a otimização regulatória garantem um fluxo de crédito mais estável e previsível para o financiamento da produção e da aquisição.
O conjunto de medidas da Caixa sinaliza um forte estímulo ao setor, promovendo não apenas o acesso à moradia para diversas faixas de renda, mas também incentivando o investimento e a diversificação de portfólios. A maior liquidez e as condições de crédito mais flexíveis criam um ambiente propício para o mercado imobiliário brasileiro, beneficiando todo o setor e reforçando a posição da Caixa.
As cidades do interior do país que são as novas mecas do mercado de luxo

O tradicional eixo de grandes capitais brasileiras no mercado imobiliário de alto padrão está passando por uma transformação profunda. Apoiadas em fatores como segurança, planejamento urbano, infraestrutura moderna e maior qualidade de vida, cidades do interior e regiões além dos grandes centros metropolitanos vêm se consolidando como novas “marcas” do mercado de luxo nacional, um movimento que tende a se fortalecer em 2026.
Historicamente concentrado em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, o segmento de alto padrão agora encontra terreno fértil em municípios menores e cidades turísticas onde o padrão de vida, a sensação de exclusividade e o ambiente urbano organizado atraem famílias e investidores. Alguns exemplos destacados na análise do setor incluem Balneário Camboriú (SC) — frequentemente chamada de “Dubai brasileira” pela verticalização e pelos preços elevados — Sorriso (MT) e Xangri-Lá (RS), onde imóveis de luxo podem alcançar cifras expressivas e disputam atenção com lançamentos nas capitais.
Especialistas do setor imobiliário apontam que essa interiorização do luxo está sendo impulsionada por dois vetores principais. O primeiro é a busca por segurança e organização do espaço urbano, que muitas vezes supera o apelo das grandes cidades para quem pode trabalhar remotamente ou deseja mais espaço e tranquilidade. O segundo é o trabalho híbrido e remoto, que, embora o modelo presencial tenha retornado com força nos últimos tempos, continua ganhando relevância à medida que muitas empresas e profissionais reconhecem os benefícios de flexibilidade, produtividade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Permitindo assim que que residências no interior deixassem de ser alternativas sazonais para se tornarem endereço principal de famílias, sobretudo, de alta renda.
Como consequência, incorporadoras e construtoras estão reposicionando seus portfólios: novos empreendimentos de alto padrão não se limitam a acabamentos sofisticados, mas agora incluem experiências como: clubes privativos, serviços sob demanda, tecnologias embarcadas e soluções sustentáveis, buscando atender uma clientela mais exigente e diversificada. Além disso, esse movimento tem efeito multiplicador: setores como educação, varejo e serviços de saúde de alta qualidade seguem o fluxo de investimentos imobiliários, consolidando essas cidades como pólos completos e competitivos no cenário nacional. A presença de escolas de alto nível, hospitais e centros comerciais robustos se torna decisiva para atrair famílias. O deslocamento de investimentos também reflete uma tendência mais ampla no mercado imobiliário brasileiro, em que uma maior conectividade, descentralização do trabalho e fortalecimento econômico de polos regionais desafiam o paradigma de concentração nas capitais, abrindo espaço para que o interior exerça papel cada vez mais importante no mapa do luxo nacional.

Aluguéis mantêm ritmo de alta e acumulam valorização de 9,7% em 12 meses, aponta FipeZAP
Os preços de locação residencial voltaram a subir em novembro e mantiveram o ritmo de alta acima da inflação, segundo o Índice FipeZAP. No mês, o valor médio dos aluguéis avançou 0,59%, praticamente repetindo o desempenho de outubro (+0,60%) e superando indicadores de referência como o IPCA (+0,18%) e o IGP-M (+0,27%).
O movimento de alta foi mais intenso em imóveis de 4 dormitórios, que registraram valorização mensal de 0,94%, enquanto unidades de 3 dormitórios apresentaram aumento moderado (0,54%). Em termos geográficos, 30 das 36 cidades monitoradas tiveram elevação nos preços, com destaque para São Luís (+2,25%), Belém (+1,50%) e Curitiba (+1,48%). Entre as capitais, as principais quedas foram observadas em Campo Grande (−2,21%), Goiânia (−1,01%) e Manaus (−0,53%).
No acumulado de 2025 até novembro, os aluguéis residenciais já sobem 8,70%, mais do que o dobro da inflação medida pelo IPCA no período (3,92%). A alta alcança praticamente todo o país: 35 das 36 localidades apresentam valorização no ano. As maiores altas acumuladas são observadas em Aracaju (+21,04%), Teresina (+19,57%) e Belém (+15,54%), reforçando a pressão de preços em mercados regionais fora do eixo tradicional Sudeste-Sul.
Na comparação dos últimos 12 meses, os preços de locação avançaram 9,71%, também acima do IPCA (4,46%) e do IGP-M (−0,11%). Nesse recorte, os imóveis de 3 dormitórios passaram a liderar a valorização, com alta de 10,26%, enquanto unidades maiores apresentaram crescimento relativamente menor (9,23%).
O preço médio nacional do aluguel ficou em R$50,62/m². Imóveis de 1 dormitório continuam sendo os mais caros, com média de R$68,00/m², enquanto os de 3 dormitórios registram os menores valores médios (R$43,48/m²). Entre as capitais, Belém (R$ 62,57/m²) e São Paulo (R$ 62,25/m²) lideram o ranking de preços, enquanto Teresina (R$ 26,13/m²) e Aracaju (R$ 29,00/m²) aparecem com os valores mais baixos.
Do ponto de vista do investidor, a rentabilidade média do aluguel residencial foi estimada em 5,94% ao ano em novembro. Imóveis de 1 dormitório oferecem a maior taxa média de retorno (6,68% a.a.), enquanto unidades com 4+ dormitórios apresentam o menor rendimento (4,84% a.a.). Entre as capitais, Belém (8,62% a.a.), Recife (8,36% a.a.) e Cuiabá (8,03% a.a.) se destacam como os mercados mais rentáveis para locação.
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