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Radar Imobiliário

17ª Edição – Radar Imobiliário

01/09/2022
Radar Imobiliário

17ª Edição – Radar Imobiliário

01/09/2022

Conheça as variações anuais entre bairros na participação da demanda por imóveis anunciados em nossos portais nas cidades de Vitória e Blumenau.

Predominância do cenário doméstico mesmo com manutenção das incertezas externas

Há meses vem-se, inclusive aqui, destacando as incertezas postas no cenário externo e seus efeitos no mercado imobiliário residencial do Brasil. O agravamento da pandemia na China, duramente combatido com medidas rígidas de distanciamento social que afetaram as cadeias de valor global, a guerra entre Rússia e Ucrânia e o aumento da inflação no mundo foram e são as principais fontes de instabilidade abordadas. Tais fenômenos diminuem a renda global e pressionam a inflação a aumentar em todo o planeta.


Embora esses obstáculos continuem presentes, não há a adição de um novo elemento recente neste quadro de principais riscos externos pertinentes ao setor imobiliário brasileiro. Dessa forma, o cenário doméstico deve predominar nas mudanças de desempenho do setor, ainda mais com a aproximação das eleições. No país, destacam-se entre os principais fatos econômicos o pacote de medidas emergenciais do governo federal e o provável fim do ciclo de aperto monetário pelo Banco Central, isto é, o término dos consecutivos aumentos da taxa Selic.


O pacote de medidas do governo contém a limitação do ICMS sobre a gasolina que teve impacto relevante sobre o preço da mesma, impactando diretamente o IPCA, de maneira que julho de 2022 registrou deflação, isto é, queda dos preços médios ao consumidor. Outras medidas foram aprovadas via PEC: vale-gás, auxílio para caminhoneiros, auxílio para taxistas e retorno ao patamar de R$ 600 do auxílio Brasil. As medidas devem impulsionar a economia no curto prazo e dificultar o desempenho econômico em 2023, já que cessam ao fim do ano e deixam os cofres públicos mais pressionados.


A provável estabilização da Selic é uma ótima notícia para o setor, já que sugere que a taxa média de financiamento imobiliário também deve estabilizar. Com julho tendo apresentado deflação e sem piores novidades do exterior, a tendência é que o Banco Central não realize outro aumento da taxa Selic. Entretanto, não esperamos ver redução da Selic antes do 2º semestre de 2023 mesmo em cenários
otimistas. Um risco importante para ser acompanhado é o comportamento do câmbio devido ao provável aumento das taxas de juros básicas em outros países do mundo. Caso o real se desvalorize mais fortemente que o esperado, ganha força a chance de um novo aumento da taxa Selic ainda este ano.


Para 2023, as perspectivas continuam nubladas pela falta de clareza da política econômica proposta pelos candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto. No entanto, com as medidas de auxílio emergencial e o acirramento da corrida eleitoral há o aumento da pressão para a permanência de tais gastos pelo próximo governo eleito, o que deteriorará a saúde fiscal do país no ano que vem, visto a falta de propostas indicando contrapartidas a estas medidas. A dificuldade de se aumentar impostos ou cortar gastos já é imensa, sem ser debatida e explicada aos eleitores fica ainda pior. Se tal piora das contas públicas brasileiras se concretizar, a duração da taxa Selic no alto patamar atual deve aumentar, configurando um risco adicional ao mercado imobiliário e à economia do país, no médio e longo prazo.

Pedro Tenório, em nome do DataZAP+

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