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Cartas ao Mercado

2022: Preocupações e Esperanças

18/01/2022
Cartas ao Mercado

2022: Preocupações e Esperanças

18/01/2022

2022: Preocupações e Esperanças

No início do ano, quando realizamos ou ajustamos nossos planos, é sempre o momento para olharmos para a frente e refletir sobre cenários possíveis. A construção de cenários e a elaboração de projeções para os indicadores que impactam nossos negócios são dos maiores desafios que temos. Parte desse desafio está frequentemente no cenário macroeconômico e, neste ano, essa tarefa está ainda mais complexa, uma vez que temos que colocar no centro da análise fatores ambientais e também considerações políticas.

Conversando com e observando o que os principais analistas econômicos estão falando, um grande consenso emerge: o nível de incerteza está bem acima da média. As fontes de incerteza se desdobram em preocupações diversas, mas destacamos aqui: perspectivas para superação da pandemia, a dinâmica da inflação e a desaceleração da atividade econômica. Nesta semana vamos examinar brevemente esses três blocos de incerteza delineando o cenário macro. Na semana que vem vamos refletir sobre as implicações desse cenário para o mercado imobiliário. Vamos lá:

Evolução da pandemia: entramos em 2022 em uma nova fase da pandemia. De um lado temos a disseminação rápida da variante Ômicron, que apesar de aparentemente ser menos agressiva é muito mais contagiosa, vem pressionando o sistema de saúde e causando dificuldades para o processo de retomada de atividades presenciais. De outro, a ampla adoção da vacinação pela população tem contribuído de forma fundamental para evitar as chances de casos graves da Covid-19. O cenário base é de que essa nova onda seja superada ainda no primeiro trimestre, mas o risco de evoluções menos positivas permanece.

Inflação: Como resposta à forte deterioração da dinâmica inflacionária observada ao longo de 2021 (crescimento e disseminação), o Bacen promoveu forte aperto nas condições monetárias ao elevar a taxa Selic de 2% a 9,25% a.a. Mesmo assim, o IPCA fechou o ano em 10,06% a.a. A maioria dos analistas tem a expectativa de que ocorrerá um processo de desinflação importante ao longo de 2022, mas com riscos de estourarmos a meta oficial de inflação novamente. Aqui temos fontes de risco globais e domésticas. Globalmente teremos no radar a a reestruturação das cadeias de suprimento e a evolução dos preços de energia e commodities. No contexto nacional, teremos que ficar de olho nas pressões sobre o câmbio e no cenário energético. De qualquer forma, já se espera que o ciclo de alta da Selic continue, levando a taxa anual a pelo menos 11%.

Atividade econômica: a persistência da pandemia, a piora da inflação e o aumento nos juros já produziram impactos negativos na atividade. Apesar do crescimento registrado em 2021 (provavelmente entre 4% e 5%), as expectativas para este ano é que ficaremos perto do zero (os mais otimistas chegam a prever crescimento do PIB de 1%, os pessimistas queda de 1%). A aposta é, portanto, que viveremos um período da chamada estagflação em um contexto de desemprego alto. Em resumo, temos que nos preparar para um ano com muitos desafios. Cautela não será demais, mas investir em informação e conhecimento nos ajudará muito a mapear riscos e oportunidades que as realidades macro e setorial apresentarão para nossos negócios, ampliando nossas chances de sucesso. Essa é a nossa grande aposta!

Grande abraço,

Danilo Igliori
VP Economista Chefe do ZAP+

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