Incertezas sobre recursos ameaçam financiamento imobiliário
A classe média será a mais prejudicada na compra de um imóvel financiado caso não haja uma solução para ampliar a oferta de crédito. A Caixa, que concentra 67% dos empréstimos imobiliários, afirma que mira até a securitização de sua carteira habitacional como forma de impulsionar novos contratos.
A situação chamou a atenção do governo, que avalia medidas para tentar conter a sangria de recursos do FGTS, uma das principais fontes de recursos para o crédito habitacional.
Projeções do governo indicam que, somente com a lei que permitiu o uso do saque-aniversário como garantia para empréstimos, mais de R$100 bilhões saíram do FGTS para bancos comerciais.
Com a Selic elevada (hoje ela é 10,5% ao ano), os correntistas preferem fazer saques para destinar os recursos para aplicações com rendimentos mais elevados.
Em 2023, o saldo da poupança era de R$975,8 bilhões, mas houve uma saída líquida de 87,8 bilhões, segundo o Banco Central.
A aposta do governo é que, com a queda da Selic abaixo de dois dígitos, a poupança volte a se capitalizar. No entanto, o mercado não acredita que isso ocorrerá a tempo de impulsionar a habitação.
Recentemente, o presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Vieira, afirmou que não há perspectivas de recursos que permitam avaliar como será a oferta de linhas no próximo ano.
Em relação ao FGTS, que define teto para o valor dos imóveis, a Caixa informa que houve aumento da oferta de recursos para os agentes financeiros. Neste ano, o banco projeta um crescimento entre 8% e 12% na carteira habitacional.
Aluguel rende mais nos apartamentos de apenas um dormitório
O aluguel mais interessante em termos de rentabilidade é o que vem dos apartamentos de um dormitório. A conclusão é do Índice FipeZAP, que mensalmente analisa a dinâmica de preços em 50 cidades selecionadas.
Com base em dados de abril de 2024, o retorno médio do aluguel residencial dos apartamentos de um dormitório ficou em 6,57% ao ano – acima da taxa de juros real, que ficou em 6,41% nos cálculos do índice.
Esse tipo de imóvel também se destaca na média dos imóveis para locação, cuja rentabilidade ficou em 5,86% ao ano. As menos rentáveis foram as propriedades com quatro ou mais dormitórios, que tiveram rentabilidade de 4,56% ao ano.
Aqui entra uma tendência que já tem se observado há algum tempo no mercado imobiliário: a preferência por unidades mais centrais, ainda que compactas. “A valorização de imóveis com um dormitório demonstra uma preferência por localizações com fácil acesso a serviços e distritos comerciais, mesmo que isso resulte em espaços menores”, afirmou Ana Tedesco, economista do DataZAP.
A cidade de São Paulo é o maior expoente das unidades compactas e centrais, mas, segundo Tedesco, o movimento pode se espalhar além da capital paulista.
“É uma tendência que se aplica em locais onde o contínuo processo de urbanização resultou em áreas densamente povoadas, o que gerou limitações de espaço. No Brasil, podemos observar essa tendência principalmente nas capitais. Isso não impede, porém, que cidades do interior que sejam densamente povoadas passem pelo mesmo processo”, afirmou.
Entre as cidades estudadas, a que apresentou maior rentabilidade dos aluguéis foi Santos (SP), seguida por Praia Grande (SP) – ambas no litoral paulista, com 8,52% e 7,85% de rentabilidade ao ano, respectivamente.
Já entre as capitais, a maior rentabilidade fica com Recife (PE), que tem um indicador de 7,45%. A capital paulista tem rentabilidade de 5,93% ao ano, pouco acima da média ponderada das cidades estudadas.
O preço do aluguel residencial subiu 1,38% em abril, segundo o Índice FipeZap, divulgado nesta terça-feira, 20. Entre as 25 cidades analisadas pelo índice, 24 tiveram alta – a exceção foi Barueri (SP), que registrou baixa de 0,34%. A cidade com maior aceleração foi Campinas (SP), com avanço de 2,91% nos preços para aluguel.
A variação anual do índice ficou acima dos resultados acumulados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE (+0,38%) e do Índice Geral de Preços-Mercado da FGV (+0,31%). O preço do aluguel residencial subiu mais de três vezes o IPCA, principal indicador de inflação do Brasil.
Venda de imóveis cresce quase 130% em Sorocaba nos primeiros meses de 2024
A venda de imóveis cresceu 129,69% nos primeiros meses de 2024 em Sorocaba (SP). Por isso, tem se tornado comum encontrar pedreiros com a mão na massa erguendo casas e prédios, além de placas de divulgação de imóveis na cidade. Esta é uma oportunidade para quem deseja sair do aluguel e conquistar a casa própria.
Um levantamento feito pelo Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci) mostrou que o acumulado do ano já chegou a uma alta de 164,58% entre vendas e locações. Somente em fevereiro, a venda de casas representou o maior volume, com 85,2%.
A pesquisa também apontou que, quando o assunto é aluguel, o crescimento foi de quase 200% em comparação a janeiro, nesta situação, a escolha por casas também ficou em primeiro lugar.
Em fevereiro, 61,3% dos contratos de locações fechados eram para este tipo de imóvel. Já os apartamentos representaram 38,7%. A maioria dos novos inquilinos que fechou contratos optou por imóveis na periferia.
O setor imobiliário deve ficar mais aquecido nos próximos meses, e os corretores esperam bater recordes.